Reviravolta, amigo liberado e 'serial killer' preso: 10 pontos para entender caso de rapaz que morreu ao sair de casa de pijama no PR
Suspeito confessa morte de Danilo Bido e revela outros três assassinatos em Iporã Durante a última semana, o caso do assassinato de Danilo Roger Bido Ferreir...
Suspeito confessa morte de Danilo Bido e revela outros três assassinatos em Iporã Durante a última semana, o caso do assassinato de Danilo Roger Bido Ferreira, de 32 anos, em Iporã, no noroeste do Paraná, teve uma reviravolta. Um homem de 23 anos foi preso, confessou que matou o rapaz e se autodenominou como um serial killer responsável por outros três homicídios na cidade. Em meio a isso, um amigo de Danilo, que havia sido preso anteriormente por ser suspeito de cometer o crime, foi soltou após a polícia não conseguir identificar qualquer tipo de relação dele com o assassinato. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados pela polícia. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Maringá no WhatsApp Danilo saiu de casa de pijama na madrugada do dia 31 de agosto, dizendo à mãe que ia buscar um carregador de celular na casa de uma amiga. O corpo dele foi encontrado na manhã do mesmo dia, em uma estrada rural da cidade. De acordo com o laudo da Polícia Científica, Danilo foi assassinado com 18 facadas. Veja 10 pontos para entender o caso: Quem era Danilo? O que foi encontrado na cena do crime? O que foi feito durante a investigação? Quando aconteceu a primeira prisão? Quais foram os momentos antes do crime? Porque um amigo de Danilo foi considerado o primeiro suspeito? Como a polícia chegou ao segundo suspeito? O que ele disse em depoimento? Como Danilo foi atraído pelo suspeito? O que diz o advogado da família de Danilo? Danilo Roger Bido Ferreira, de 32 anos, foi encontrado morto em Iporã. Redes sociais/Reprodução Leia também: Homens que saíram de SP para cobrar dívida no PR: Polícia montou força-tarefa para analisar dados que baseiam investigação Apreensão de 18 fuzis: Grupo que enviava fuzis ao Rio de Janeiro é descoberto no Paraná durante investigação da Polícia Federal Homem morto por tiro ao subir em muro: vizinho é condenado a 19 anos de prisão 1 - Quem era Danilo? Danilo Roger Bido Ferreira, de 32 anos, foi encontrado morto em Iporã. Cedidas pela família Danilo trabalhava como multiplicador em uma empresa de pesquisa e desenvolvimento científico, em Toledo, no oeste do Paraná – cidade a 103 quilômetros de distância de Iporã –, mas visitava a família todos os meses. Conforme apurado pela polícia, ele não tinha antecedentes criminais ou desavenças. O jovem foi descrito por familiares como uma pessoa pacífica, carinhosa e respeitosa. "O Danilo era uma pessoa de luz, ajudava todo mundo, carinhoso, alegre, sorridente. Ele também nunca teve intriga com ninguém, sempre foi na dele, um menino muito respeitoso, cuidava muito da mãe dele”, disse a prima Kamila Bido Demetrio. 2 - Quais foram os momentos antes do crime? Na noite de 30 de agosto, Danilo participou de um evento. Testemunhas relataram à família que ele parecia nervoso e mexia muito no celular. Por volta da meia-noite, ele chegou à casa da mãe, em Iporã. Cerca de meia hora depois, já de pijama, Danilo disse para a mãe que precisava sair para buscar um carregador de celular na casa de uma amiga. Ela tentou impedir, dizendo que já era tarde, mas o jovem insistiu. Danilo Bido e a mãe, Zilda Bido. cedida Segundo o delegado Luã Mota, essa foi uma desculpa usada pela vítima para sair de casa. Durante a investigação, foi possível apurar que a amiga citada pela vítima não estava na cidade. Às 01h33, Zilda tentou ligar para o filho, mas a chamada foi atendida e desligada em seguida. A última atividade registrada no celular foi às 00h57. "Eu falei 'não, meu filhinho, não vai, já está tarde''. Danilo disse que iria, sim, porque não queria ficar sem conexão com a internet [...] Depois, eu comecei a ligar e ligar e não atendeu mais. Aí fiquei nervosa, tomei remédio para dormir. Acordei 4h e estava do mesmo jeito, ele olhou [o aplicativo de mensagens] 00h57. Daí não consegui dormir mais. Aí foi à procura constante. Fiquei com a minha amiga rua acima e rua abaixo procurando. Até que veio 9h a notícia", a mãe lembrou, em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná. 3 - O que foi encontrado na cena do crime? Na manhã do dia 31 de agosto, um casal que passava pela Estrada Jandaia, na zona rural de Iporã, encontrou o corpo de Danilo e acionou a Polícia Militar. Ele foi encontrado a cerca de 100 metros de distância do carro dele, em uma área rural a aproximadamente três quilômetros da casa da mãe. O veículo estava com manchas de sangue e o celular da vítima não foi encontrado. O corpo de Danilo estava com marcas de facada. 4 - O que foi feito durante a investigação? Durante a investigação, a Polícia realizou diversas oitivas com familiares e amigos de Danilo. O carro dele também foi periciado e houve confronto de digitais encontradas no veículo. Dados telefônicos também foram analisados. A polícia mapeou o trajeto percorrido por Danilo, por meio câmeras de segurança nas imediações de onde ele vivia com a mãe. Com as imagens, o delegado informou que foi possível ver por onde o rapaz passou desde 1h da madrugada até a última imagens dele à 1h21, quando ele é visto indo em direção ao local do crime. As imagens não foram divulgadas pela polícia. A investigação segue em sigilo. 5 - Quando aconteceu a primeira prisão? A primeira prisão temporária aconteceu no dia 10 de outubro. Um amigo de Danilo, de 24 anos, foi considerado suspeito de envolvimento no crime. No mesmo dia, também foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em outros endereços, mas a polícia não informou qual era a ligação deles com o crime. Em depoimento, familiares disseram que Danilo gostava sempre de andar bem vestido. Por isso, na época, a polícia considerou que, provavelmente, ele teria se encontrado com alguém do círculo social dele. O amigo de Danilo foi solto no dia 6 de novembro, após outro suspeito ser preso e confessar o crime. Segundo a polícia, após a nova prisão, não foi possível identificar qualquer tipo de relação dele com o assassinato. Contudo, os celulares dos dois suspeitos ainda serão periciados, para afastar qualquer possibilidade de vínculo entre eles. Polícia prende suspeito de matar jovem que saiu de pijama no PR 6 - Por que um amigo de Danilo foi considerado o primeiro suspeito? O delegado Luã Mota explicou também que as suspeitas com relação ao amigo de Danilo surgiram depois de análises de dados telefônicos, que o apontavam como autor do crime. Outro ponto considerado pela polícia foi o fato de testemunhas revelarem em depoimento que ele e a vítima tiveram "vínculo pessoal anterior". No interrogatório, ele optou por ficar em silêncio. Segundo o delegado, "ele não se manifestou, em nenhum momento, sobre suposta inocência ou refutou as provas obtidas pela polícia". Mota explicou que o celular do jovem foi analisado forma preliminar, e foi possível verificar que todas as conversas do final de semana em que o crime ocorreu, foram apagadas. Alguns dias após a prisão, o advogado de defesa do suspeito apresentou uma testemunha que afirmou estar com ele no dia e horário do assassinato de Danilo. "Essa testemunha foi ouvida e declarou que encontrou o investigado por volta das 21h30 do dia anterior aos fatos. Relatou, ainda, que ambos consumiram bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes, inclusive encaminhando um vídeo que mostra o uso dessas substâncias. Segundo seu depoimento, após os efeitos das substâncias, ele dormiu por volta de 00h40 e acordou próximo às 5h da manhã, não estando, portanto, acordado no horário exato em que o crime ocorreu, tendo em vista que o crime ocorreu entre 1h e 1h30 da madrugada", contou o delegado. Mota explicou que, na época, mesmo com o depoimento da testemunha, não foi possível pedir pela revogação da prisão temporária do amigo de Danilo. Ele considerou que ainda não tinham apresentados elementos que comprovassem a inocência do suspeito e as investigações ainda estavam em andamento. 7 - Como a polícia chegou ao segundo suspeito? Preso por suspeita de matar rapaz que saiu de casa de pijama confessa crime Durante a investigação, a polícia descobriu que Danilo trocou mensagens com um homem durante uma semana antes do crime. O suspeito morava próximo da casa da mãe do rapaz e combinou de se encontrar pela primeira vez com ele na madrugada no dia 31 de agosto. A partir dessas informações, o delegado afirmou que pediu o confronto das digitais do homem com as digitais encontradas no carro de Danilo. O resultado da análise confirmou que elas eram as mesmas. Diante dos indícios, o suspeito, de 23 anos, foi preso no dia 5 de novembro, em Iporã. 8 - O que ele disse em depoimento? Em depoimento, o homem confessou que matou Danilo. Ele disse que atraiu o rapaz para ter uma relação amorosa e, quando a vítima chegou ao local combinado, foi assassinada por ele. O suspeito contou que voltou caminhando para casa. Ele também confessou que a roupa e os tênis usados por ele no crime foram queimados dentro do imóvel. Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa dele, ele informou que a faca usada no crime estava embaixo de um colchão. De acordo com o delegado, o suspeito disse que agiu sozinho em todas as etapas do crime. 9 - Suspeito é responsável por outros crimes na cidade? Apesar de não ter antecedentes criminais, o homem se autodenominou um serial killer e confessou ter matado outras três pessoas em Iporã, em 2025. Ele afirmou em depoimento que as vítimas não foram escolhidas por motivos específicos e que "só matava por matar", conforme o delegado. "Os outros homicídios que ele confessou, têm semelhanças. Todos eles foram cometidos também por faca, com golpes na região do pescoço e num raio próximo de onde ele mora, esse segundo investigado. [...] Foi um homicídio que a pessoa estava em frente ao bar dormindo, a outra aconteceu no bosque, a pessoa também estava dormindo, ele foi lá e matou, e a terceira também nessa mesma linha", explicou Mota. Segundo o suspeito, os assassinatos aconteceram nos dias 19 de março, 17 de abril e 4 de setembro, todos em 2025. Nos três casos, as vítimas estavam dormindo. Em dois deles, eram pessoas em situação de rua e, em outro, a vítima estava dentro de casa. "Ele se identifica como serial killer e se identifica como uma pessoa que tem algum transtorno e que gosta muito de ver questões de morte, pesquisa morte no celular, está sempre lendo notícias de situações violentas e pesquisando questões violentas no seu dia a dia", disse o delegado. O delegado informou que vai pedir pela prisão preventiva do homem, que no momento está preso temporariamente. Ele deve responder por homicídio qualificado e fraude processual. A Polícia Civil continua investigando o caso e algumas diligências ainda deverão ser realizadas, segundo Mota. Após isso, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR). 10 - O que diz o advogado da família de Danilo? O advogado Richard Macedo, que representa a família de Danilo, enviou uma nota ao g1 sobre o caso. Veja a íntegra abaixo: "Informamos que a família de Danilo acompanha de perto a prisão do suspeito que confessou ter matado Danilo e ter cometido outros três homicídios em Iporã. É importante destacar: mesmo com essa confissão, o caso não está encerrado. Ainda existem passos importantes para confirmar todas as informações, reforçar as provas e esclarecer completamente se esse homem agiu realmente sozinho e se há ligação com outros crimes na cidade. Seguiremos cobrando a Polícia Civil e demais autoridades responsáveis para que todas as linhas de investigação sejam aprofundadas, sem pressa para concluir nada de forma superficial, mas com firmeza para que o Ministério Público receba o caso completo e com todas as provas necessárias. A família de Danilo e a sociedade de Iporã têm o direito de saber exatamente o que aconteceu — e a verdade completa será buscada até o fim." VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias da região em g1 Norte e Noroeste.